DestaqueManhã do Ouvinte

PALAVRAS DE OTIMISMO

Morrer em vida é fatal

Nunca me esqueci de uma senhora que, ao responder por quanto tempo pretendia trabalhar,
respondeu com toda a convicção: Até os 100 anos. O repórter, provocador, insistiu: “E depois?
Ué, depois vou aproveitar a vida. É de se comemorar que as pessoas aparentem ter menos
idade do que realmente têm e que mantenham a vitalidade e o bom humor intactos – os dois
grandes elixires da juventude. No entanto, cedo ou tarde (cada vez mais tarde, aleluia),
envelheceremos todos. Não escondo que isso me amedronta um pouco. Ainda não cheguei
perto da terceira idade, mas chegarei, e às vezes me angustio por antecipação com a dor
inevitável de um dia ter que contrapor meu eu de dentro com meu eu de fora. Rugas, tudo
bem. Velhice não é isso, conheço gente enrugada que está saindo da faculdade. A velhice tem
armadilhas bem mais elaboradas do que vincos em torno dos olhos. Ela pressupõe uma
desaceleração gradativa: descer escadas de forma mais cautelosa, ser traído pela memória
com mais regularidade, ter o corpo mais flácido, menos frescor nos gestos, os órgãos internos
não respondendo com tanta presteza, o fôlego faltando por causa de uma ladeira à toa, ainda
que isso nem sempre se cumpra: há muitos homens e mulheres que além de um ótimo
aspecto, mantêm uma saúde de pugilista. O corpo decai com mais ligeireza que o espírito,
que, ao contrário, costuma rejuvenescer quando a maturidade se estabelece. Como
compensar as perdas inevitáveis que a idade traz? Usando a cabeça: em vez de lutarmos para
não envelhecer, devemos lutar para não emburrecer. Seguir trabalhando, viajando, lendo, se
relacionando, se interessando e se renovando. Porque se emburrecermos, aí sim, não restará
mais nada. (Fonte: Martha Medeiros)

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