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SAÚDE EM FOCO

O que o coronavírus faz com o coração

Se os pulmões realizam as trocas gasosas, é o coração que bombeia o sangue com oxigênio
para o corpo e que volta para os pulmões com sangue repleto de gás carbônico.
Um estudo de referência, publicado em fevereiro de 2020 com dados de 138 pacientes
hospitalizados em Wuhan, mostrou que 16,7% deles desenvolveram arritmia e 7,2% lesão
cardíaca aguda — ou seja, dois problemas de saúde atingindo o coração. Aqueles que
precisaram ir para uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) apresentaram estes quadros com
mais frequência.
"Na Covid-19, o coração pode ser atingido em até 40% dos casos graves", aponta Marisa
Dolhnikoff, acrescentando outras consequências da covid-19 no coração como a miocardite
(inflamação no coração), tromboses arteriais e infarto do miocárdio.
"Pessoas com comorbidades — diabetes, hipertensão, obesidade e cardiopatias prévias — têm
maior risco de manifestação cardíaca na Covid-19."
Estudos de várias partes do mundo mostram problemas no coração como uma das
comorbidades mais comuns entre pacientes graves infectados — um boletim do Ministério da
Saúde de dezembro revelou que, no Brasil, as cardiopatias (doenças no coração) foram o fator
de risco mais frequente entre pessoas que morreram por covid-19 no país, seguidas por
diabetes.
Dolhnikoff explica que as células cardíacas também têm receptores da proteína ECA-2,
ativadas no ataque direto do vírus ao órgão.
Mas o órgão pode ser afetado também pela inflamação sistêmica, reação exagerada do corpo
que leva a diversas alterações prejudiciais como a baixa de oxigênio e à chamada tempestade
de citocinas — substâncias agressivas que o sistema imunológico libera para atacar um
invasor, mas que, em excesso, podem acabar atacando partes vitais para nossa sobrevivência,
como o coração.
A partir da autópsia e de exames referentes ao caso de uma menina de 11 anos que perdeu a
vida para a Covid-19, Dolhnikoff e sua equipe conseguiram demonstrar o ataque do vírus a
diversas células do coração, nas quais foram encontradas partículas do vírus. A resposta
inflamatória agravou o problema, levando à falência cardíaca e morte.
O pulmão da criança também foi afetado, mas os cientistas identificaram o coração como o
órgão mais comprometido pelo vírus.
Os resultados foram publicados no periódico internacional Lancet Child & Adolescent Health.

(Fonte: G1)

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