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SAÚDE EM FOCO

Hepatite C: uma doença silenciosa e subdiagnosticada

O vírus da hepatite C, cuja descoberta foi premiada na segunda-feira (5/10), conforme
informado aqui, pelo Prêmio Nobel de Medicina, é responsável por uma inflamação no fígado
que progride em silêncio. A doença pode se tornar crônica antes de, muitas vezes, levar à
cirrose e ao câncer, e, também, à morte. Apesar de não haver vacina contra a infecção, a
doença tem tratamento.
Qualificada pelo júri do Nobel como um grande problema de saúde global, a hepatite C
matou 400 mil pessoas em 2015 – e, naquele ano, 71 milhões tinham a doença em sua forma

crônica – o equivalente a 1% da população mundial, estima a Organização Mundial da Saúde
(OMS).
Apenas um paciente em cada cinco (19%) tem conhecimento da sua doença, devido ao acesso
muito limitado ao rastreio e diagnóstico, acrescenta a OMS.
Após uma fase de infecção aguda, geralmente assintomática, uma minoria dos pacientes (15%
a 45%) elimina o vírus espontaneamente, mas na grande maioria ele se instala nas células do
fígado e a doença assume uma forma crônica.
No entanto, a hepatite C permanece em silêncio por muito tempo: evolui por 10, 20 ou 30
anos antes que surjam complicações graves, como cirrose ou câncer de fígado. Segundo a
OMS, entre os pacientes crônicos, o risco de cirrose hepática é de 15% a 30% em um período
de 20 anos.
A doença é transmitida, principalmente, pelo sangue. As transfusões já foram um grande
modo de contaminação, mas, desde o desenvolvimento de um teste de triagem, o contágio
por essa forma foi reduzido a praticamente zero.
O vírus também pode ser transmitido durante tatuagens ou piercings com equipamentos sujos
ou durante o sexo e de uma mãe infectada para seu filho.
Tratamento
O tratamento da hepatite C foi revolucionado na virada da década de 2010 com a chegada de
novos tratamentos antivirais de ;ação direta, capazes de eliminar o vírus em poucos meses
em mais de 95% das pessoas infectadas, em especial o sofosbuvir.
Esses novos tratamentos fazem da hepatite C a única doença viral crônica que pode ser
curada, destaca o Inserm. Desde o seu surgimento, a hepatite C vem diminuindo
constantemente nos países com acesso ao tratamento.
No Brasil, um modelo matemático desenvolvido em 2016 estimava que cerca de 657 mil
pessoas tinham infecção ativa pelo vírus da hepatite C, segundo o Ministério da Saúde. O
tratamento para a doença está disponível no SUS.
No final de 2017, apenas 5 milhões de pessoas entre 71 milhões de doentes crônicos haviam
sido tratadas com antivirais de ação direta – muito longe da meta da OMS de tratar 80% das
pessoas infectadas até 2030.
Ao todo, existem cinco tipos de hepatite: A, B, C, D, e E. Há vacinas contra dois deles: A e B (no
Brasil, elas são cobertas pelo SUS). Para o tipo E, há uma imunização desenvolvida e licenciada
na China, mas que não está disponível em todo o mundo, segundo a OMS. O tipo D só pode
infectar uma pessoa que já tenha o vírus da hepatite B no corpo.
Prevenção
O Ministério da Saúde recomenda as seguintes medidas para prevenir a contaminação pela
doença:

Não compartilhar com outras pessoas qualquer objeto que possa ter entrado em contato com
sangue (seringas, agulhas, alicates, escova de dente etc.);
Usar preservativo nas relações sexuais;
Não compartilhar quaisquer objetos utilizados para o uso de drogas.
Além disso, toda mulher grávida precisa fazer, no pré-natal, os exames para detectar as
hepatites B e C, o HIV e a sífilis. Em caso de resultado positivo, é necessário seguir todas as
recomendações médicas. O tratamento da hepatite C não está indicado para gestantes, mas
após o parto a mulher deverá ser tratada.
As pessoas que têm o vírus devem: ter seus contatos sexuais e domiciliares e parentes de
primeiro grau testados para hepatite C; não compartilhar instrumentos perfurocortantes e
objetos de higiene pessoal ou outros itens que possam conter sangue; cobrir feridas e cortes
abertos na pele; limpar respingos de sangue com solução clorada; não doar sangue ou
esperma. Pessoas com hepatite C podem participar de todas atividades, incluindo esportes de
contato. Também podem compartilhar alimentos e beijar outras pessoas. (Informações G1)

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